Discorro nesta ocasião para você, meu caro leitor, com estes pensamentos. Venho aqui, pois este mundo amargura. De todas as coisas boas, pessoas benevolentes, atos de paz, olhares de amor, de todas elas, o que costuma prevalecer é o mal.
O racismo, o preconceito abusivo, o descaso com o ambiente... Sabe o que a humanidade faz com tudo que acha no mar? Ela come, e se houver veneno, ela tira, se tiver dentes, ela desdenta, e come. Come como um verdadeiro ser descerebrado, que come tudo o que encontra pela frente.
Assim como uma nação guerreira, cujos princípios são a conquista por todos os meios injustificáveis. O homem destrói tudo, instrui-se do que sobra, para fingir que não é de todo irracional.
Existem aqueles que como eu, preocupam-se, aqueles que almejam por um mundo melhor. Eu não acredito no sobrenatural, mas como eu desejo que exista... Como eu queria que houvesse um Deus para reparar a tudo isto. Certas vezes até queria que eu possuísse super poderes para acabar com todo o mal.
Infelizmente não existe esta opção, não... Cada homem é o seu, próprio e limitado dono. Apenas o homem, que destrói e corrompe, pode curar e harmonizar este mundo.
Somos o que fazemos de nós mesmos, e até agora, esta história não é muito bonita. Veja, a humanidade e seus valores vem aperfeiçoando-se, para consigo mesmas. A fome do mundo atinge um percentual menor do que no feudalismo, a sociedade floresce para seus próprios padrões.
Mas estes padrões não incluem o resto da existência externa a humanidade. Não inclui os animais, que a cada dia são mais explorados e sofridos, a cada dia as florestas desaparecem um pouco mais. As torturas são muito mal vistas pela sociedade, torturar um homem é deplorável, porém torturar um boi é normal e necessário.
Nossas dores, temos de jogá-las aos “irracionais”, porém a cada dia eu começo a duvidar um pouco mais de quem é racional neste mundo. Temos apenas ele, aliás, vale a pena lembrar-se disto. É um mundo só, o nosso, não pense que no futuro iremos morar em outro lugar, talvez alguém vá, mas não nós.
Tens coração? A razão está no coração, a razão de escolher o que menos irá lhe ferir. Espero, pois, que se importe com os ferimentos alheios.
Os homens estão mais preocupados com suas rivalidades e poderes do que com qualquer outra coisa. No filme “A Cova”, quando a verdade é mostrada aos olhos de quem nunca viu um verdadeiro holocausto, os defensores deste insultam, agridem e fazem de tudo para que isto se vire contra os que estão ali em defesa dos irmãos, os animais.
Você despedaçaria teu irmão para que seu primo fosse vendido a um alto preço para um parque de diversões, onde ele passaria o resto de sua deprimente vida fazendo graças para os espectadores? E não só despedaçar, seu irmão morreria devagar, sofrendo, respirando o sangue dos outros irmãos que ali estão agonizando.
Temos uma doença, e não percebemos. Nossa doença somos nós mesmos, e devemos curá-la, devemos nos tornar em algo diferente, algo melhor. Porque o homem quis facilitar sua vida ás custas da natureza, não é nenhum segredo. Mas o custo de pequenos prazeres é enorme, prazeres que facilmente poderíamos viver sem. Parques aquáticos? Pão e circo de um capitalismo frio, sem coração, que não se importa com quem irá ser morto e torturado, se isto significa capital.
Eu choro para este mundo, choro para os cegos e surdos, choro para os mudos, e tento não ser nenhum deles. Não é fácil, mas eu tento. Espero que se juntem a mim, e tentem também. Eu vos amo, mas quero que amem o resto do mundo que eu também amo, vamos ser humanos, vamos ser os racionais, vamos abrir nossos corações, abrir nossas mentes para a cura.
A cura é o amor, e com amor evitamos a dor, dor de milhões dos irmãos que somem aos poucos.
Pelas incontáveis espécies de aves que já se foram, pelos ursos polares, pelos golfinhos, tubarões, baleias, pelos silvestres, pelos répteis, somos doentes e devemos nos curar, devemos isto à eles, pois se hoje você, meu caro leitor, está vivo e consciente, deve isto aos bilhões e bilhões de animais que foram sacrificados por ti no passado, e não só durante nossas vidas, mas durante a existência da espécie humana.
Nós matamos, matamos e matamos, porém, diante da suposta necessidade, não conseguimos amar aqueles que matamos, aqueles que morrem por nós, por nossas vidas. Somos racionais?
Eu lhe digo o que somos, somos as células de um corpo, que acreditam que podem viver sem ele, acreditam ser superiores à este corpo, quando dependem dele mais do que podem imaginar.
Somos o câncer não só do planeta, somos o câncer da natureza, da existência, somos o câncer da vida.
Eu digo, devemos retornar ao estado harmonioso de células, antes que alguém venha nos exterminar, e nos trocar por algo novo. Antes que a medula da vida pare de nos criar, e crie algo que não irá destruir a tudo o que conhece.
O que eu digo já estava dentro de ti, e muitos leitores sabem disso. Porém alguns não perceberam, espero que ele abra teus olhos, o mundo precisa de ti.
Somos insignificantes? Alguns se perguntam. Muitos, pela religião, acreditam que são insignificantes perante um ser superior e divino.
Meus caros, querendo ou não, somos os picos de luz em um universo escuro, somos o que dá sentido ao universo, nós somos a resposta para nossas próprias perguntas. Somos a vida, em um mundo morto. Somos o que sobrou do que se criou, e temos a responsabilidade de permitir que tudo continue se criando.
Somos os donos da natureza que cabe a cada um de nós, mas não podemos cobrar que ela nos obedeça, e sim pedir por sua ajuda. O amor é a nossa natureza, e nela o encontraremos, procure pelo amor em sua essência, ele está lá, sempre, querendo ou não.
Somos o pico de luz, somos brilhantes como estrelas, cada um de nós. Diante da insignificância do Todo, somos o sentido do ciclo contínuo da existência do que nos compõe. Sejamos então dignos de ser o sentido, sejamos dignos de nossa existência.
Octavio Milliet




